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VÍDEO: CDM renova esperanças de abrigados durante pandemia

Natália MUller Poll

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Ao completar um mês do abrigo montado no Centro Desportivo Municipal (CDM), abrigados já estão em processo de encaminhamento para melhores condições de vida. Passaram pelo local, nas últimas quatro semanas, 75 abrigados. Vinte e nove ainda permanecem. Dos 46 que já saíram do abrigo, 23 foram por conta própria, sete voltaram para suas famílias, um foi para a Casa de Passagem, dois foram integrados ao mercado de trabalho e 13 retornaram para as suas cidades de origem.

Com envolvimento das secretarias de Desenvolvimento Social, Saúde e Cultura, Esporte e Lazer, e também do Exército Brasileiro, foram mais de 40 servidores e voluntários engajados, além dos militares.

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Assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, médicos e voluntários formaram a equipe de apoio no dia a dia do abrigo.

Hoje, os cuidados continuam com os abrigados que ainda não saíram do CDM. A Superintendência de Comunicação da Prefeitura explica que "Além de acolher as pessoas em situação de rua, a Prefeitura de Santa Maria criou um Plano de Ação para o Desacolhimento."

Veja no vídeo, depoimento de alguns envolvidos no projeto:


Este plano presta diversas iniciativas, como o encaminhamento para a confecção de Registro Geral (RG) e ajuda para realizar o cadastro de Auxílio Emergencial. Segundo Givago Ribeiro, superintendente de Esportes e Lazer, a intenção do projeto é não deixar que essas pessoas voltem para as mesmas condições nas quais chegaram.

- As assistentes sociais encaminham alguns para suas famílias ou cidades de origem. Outros preferem voltar para a Casa de Passagem - afirma.

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Além disso, são garantidas orientações para acesso a serviços de políticas de assistência social e saúde e acesso ao Restaurante Popular. A confecção de currículos, para que possam trabalhar, é outro serviço oferecido.

- O resultado deste projeto foi extremamente positivo dentro da sua proposta, que era preservar os amigos moradores em situação de rua. Cada um tem sua individualidade e está aqui por vontade própria. A gente só orienta e auxilia para que todos saiam encaminhados da melhor forma possível - diz Givago.

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Foto: Renan Mattos (Diário)

"Quando sair, não quero mais estar nas ruas"

Apesar da pandemia, o tempo é de sonhos e expectativas para muitos dos abrigados no CDM. A segurança de ter onde ficar até conseguir um local melhor é o motivo de gratidão de Flávio Borges. Aos 46 anos e morando nas ruas, Borges diz que o coronavírus trouxe mudanças significativas a ele.

- Eu estou aqui há um mês, me alimentando bem, cuidando da saúde, reencontrando uns e fazendo novos amigos. Tem momentos em que a gente se entristece e se preocupa com tudo, mas as atividades diárias nos tiram disso - diz.

As atividades a que Borges se refere, são ministradas por voluntários, que ensinam artesanato, desenho, dão aulas de conserto de móveis e de como cuidar de uma horta. Além disso, todos os dias pela parte da manhã, os abrigados fazem a limpeza e organização do seu espaço.

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Borges diz que este período o fez acreditar em si mesmo, trazendo de volta a esperança de se curar da dependência química, voltar a estudar e ter um emprego:

- Quando eu sair daqui, não quero mais me deparar com a rua e tudo de ruim que ela traz, como a dependência química. Então, já pedi auxílio para me encaminharem a um local onde eu possa me curar. Depois disso, eu quero terminar o Ensino Médio e cursar Psicologia. Essa é a forma que vejo de poder ajudar pessoas que, assim como eu, precisam de apoio.

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Servidor dedica tempo para ajudar

Lauri Alves Rosa é funcionário público federal e trabalha há 35 anos no setor de odontologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele foi o primeiro voluntário a chegar no Centro Desportivo Municipal, em 23 de março, dia em que o abrigo foi aberto para receber os moradores em situação de rua.

- Por volta das 17h, eu cheguei aqui e ofereci meus serviços. Eu nem sabia o que tinha para fazer, mas eu queria ajudar de alguma forma. As atividades da UFSM já estavam suspensas e eu seguia recebendo meu salário, então por que não dedicar meu tempo livre a quem precisa? - conta Rosa.

O funcionário público diz que não é a primeira vez que presta voluntariado, mas confessa que este trabalho está sendo especial e desabafa:

- Eu me deparei com realidades tão distintas e tão difíceis. Acabei me envolvendo no dia a dia dos abrigados, criando laços de amizade e uma vontade de ajudar mais. Passo o dia todo aqui, acompanho as atividades deles e ouço com atenção as suas histórias. A hora mais difícil pra eles é pela noite, quando a gente percebe que o que mais falta é afeto e atenção.

Ainda segundo o voluntário, o cotidiano do abrigo revelou diversos talentos escondidos, ou que estavam adormecidos.

- Nós temos pessoas aqui que tem habilidades manuais para o artesanato, pintura, conserto de cadeiras, música. O mais bonito é ver que não se tem idade para ter esperança. Quando eles recebem segurança, eles passam a acreditar mais em si mesmos - diz.

Questionado sobre o que ele fará quando a pandemia acabar e as atividades profissionais forem retomadas, ele fala:

- Tenho certeza que vai ser difícil não vir mais pra cá. Eu já pedi a todos que me avisem quando será o último dia de abrigo, porque não quero estar aqui pra me despedir de todos.


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